terça-feira, 7 de setembro de 2010

Noel Rosa na Biblioteca Parque




Noel Rosa é contado e cantado na Biblioteca de Manguinhos

Por Julia de Brito (fonte)

(Fotos: Vânia Laranjeira)



A primeira risada da criançada aconteceu quando o autor Clovis Bulcão contou que o compositor Noel Rosa, quando criança, era chamado pelos colegas de ‘queixinho’ por causa do nascimento realizado a fórceps que ocasionou uma deformação na mandíbula. A partir daí, as risadas se sucederam com mais força: as travessuras de um menino que escrevia música e não obedecia a mãe, Dona Martha, contadas pela também autora Márcia Bulcão, encheram a ludoteca da Biblioteca Parque de Manguinhos de gargalhadas.

Cerca de 50 crianças de escolas públicas do Rio assistiram ao pocket show realizado pelos autores do livro Noel, o menino da Vila, publicação infanto-juvenil, no espaço coordenado pela Secretaria de Estado de Cultura, nesta quarta-feira (1/9). Em meio a histórias e canções do artista como A-E-I-O-U, As Pastorinhas, Com que roupa, entre outras, crianças e adolescentes fizeram perguntas e tiraram dúvidas sobre a vida e a obra do compositor de Vila Isabel.

- Fui reparando que Noel tinha uma grande empatia com crianças. Então, resolvi pesquisar se haveria um repertório atraente para o público infantil. Reparei que no início da carreira do compositor há um repertório compatível com crianças como A-E-I-O-U, Pierrot Apaixonado, entre outras. Desta pesquisa nasceu a vontade de misturar música com livro. Aí me juntei ao Clovis. A receptividade da garotada é muito grande – contou a autora, ex-integrante da banda pop Blitz, Marcia Bulcão, a ‘Marcinha’.

Com orelha escrita pelo compositor Martinho da Vila, a publicação reúne, além das histórias de um garoto compositor, trechos sobre os carnavais do Rio, o bairro de Vila Isabel e o clima boêmio da cidade carioca dos anos 20 e 30.

- Praticamente todas as descrições de Vila Isabel e do Rio de Janeiro foram tiradas das letras de música de Noel. E muitos diálogos que usamos foram tirados das letras também. Há trechos, por exemplo, em que a mãe de Noel conversa com ele e a resposta do menino é composta por partes de canções. O personagem é tão rico, são tantas letras, tantas canções, mais de 200 composições, que ele fala por si só. Ele nos ajudou muito – brincou Clovis.

Pela primeira vez na Biblioteca Parque de Manguinhos, os autores ficaram admirados com o espaço. A ampla biblioteca chamou a atenção dos escritores pela beleza, colorido e qualidade da construção:

- Está muito bonito, a biblioteca é ótima – comentou Márcia.

- É difícil você ver um investimento assim, e de bom gosto, estou me sentindo fora do Brasil – disse o autor Clovis Bulcão.

Compositor

Noel de Medeiros Rosa, ou simplesmente Noel Rosa, nasceu no Rio de Janeiro no dia 11 de dezembro de 1910. Primeiro filho do comerciante Manuel Garcia de Medeiros Rosa e da professora Martha de Medeiros Rosa, foi criado no bairro carioca de Vila Isabel. Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e tomou gosto pela música. Logo, passou ao violão e, cedo, tornou-se figura conhecida da boemia carioca. Entrou para a Faculdade de Medicina, mas o projeto mostrou-se pouco atraente diante da vida de artista.

O compositor foi integrante de vários grupos musicais, entre eles o Bando de Tangarás, ao lado de João de Barro (o Braguinha), Almirante, Alvinho e Henrique Brito. Desde o primeiro sucesso, em 1929, Minha Viola, compôs algumas das maiores obras do cancioneiro nacional. Foram mais de 200 músicas compostas, sozinho ou em parceria. O compositor passou anos tendo problemas de saúde por causa da tuberculose. No dia 4 de maio de 1937, faleceu em sua casa, no bairro de Vila Isabel, aos 26 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário